


Neste ano, o Ministério da Saúde lançou uma nova edição do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Manejo da Infecção pelo hiv em Crianças e Adolescentes (ACESSE AQUI). O documento tem como objetivo atualizar as recomendações sobre o cuidado de nossos pequenos e pequenas (e os nem tão pequenos assim).
O protocolo surge com um braço da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, que inclui, entre seus eixos, a vigilância e a prevenção da mortalidade infantil e a atenção à saúde do recém-nascido. Dessa forma, as recomendações do Ministério da Saúde contidas no protocolo buscam contribuir para a sobrevivência e a qualidade de vida de crianças e adolescentes expostos a, vivendo com hiv ou com a síndrome da imunodeficiência adquirida.
Esse documento também alterou esquemas terapêuticos para essas faixas etárias, buscando tornar a terapia antirretroviral (Tarv) mais tolerável, uma vez que esse é um permanente desafio para o cuidado de crianças e adolescentes devido às limitadas apresentações de medicamentos disponíveis para essa população. Ainda, segundo o documento, essa mudança é muito importante, principalmente, em relação aos adolescentes e jovens, faixa etária que apresenta aumento significativo na incidência da infecção pelo hiv.
Nesse texto, recuperamos partes importantes desse novo documento que dizem respeito ao diagnóstico e ao tratamento de crianças recém-nascidas. A primeira delas se refere à ampliação da indicação de inibidores da integrase na profilaxia de crianças expostas ao vírus e no início de tratamento.
Antes de seguirmos, é importante lembrar que o diagnóstico precoce em crianças é muito importante, uma vez que, nessa faixa etária, principalmente nas crianças que tiveram a infecção no útero ou durante o parto, ocorre progressão mais rápida da doença. Diferentemente do que acontece no adulto, devido à imaturidade imunológica, a evolução da infecção em crianças ocorre mais rapidamente e com alta carga viral.
Quanto aos exames que devem ser realizados, para o diagnóstico em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, são disponibilizados os exames de carga viral e de DNA pró-viral do hiv. Após a primeira investigação, que deve ser realizada prioritariamente no momento do parto, o exame de carga viral deve ser repetido aos 14 dias de vida, 2 semanas após o término da profilaxia (6 semanas de vida) e 8 semanas após o término da profilaxia (12 semanas de vida).
Já em relação à profilaxia antirretroviral, ela é indicada para todas as crianças expostas ao vírus e deve ser iniciada ainda na sala de parto, após os cuidados imediatos, de preferência nas primeiras quatro horas após o nascimento. Crianças com baixo risco de transmissão vertical devem receber apenas zidovudina (AZT), e aquelas com alto risco devem receber profilaxia combinada com zidovudina + lamivudina + raltegravir granulado para solução oral 100 mg, durante 28 dias. O protocolo ainda indica como deve ser a profilaxia em casos de nascimento prematuro: “o uso de raltegravir granulado 100 mg para solução oral somente está indicado para recém-nascidos expostos ao hiv a partir de 37 semanas de idade gestacional até 4 semanas de vida, sendo contraindicado em caso de idade gestacional inferior a 37 semanas ao nascimento e em crianças com peso inferior a 2 kg. Nesses casos, a opção para a profilaxia de situações de alto risco e idade gestacional entre 34 e 37 semanas deve ser zidovudina + lamivudina + nevirapina, durante 28 dias. As crianças com idade gestacional abaixo de 34 semanas deverão realizar a profilaxia apenas com zidovudina durante 28 dias, independentemente do risco de exposição.
Por Camila de Almeida lara
Doutora em Linguística (Universidade Federal de Santa Catarina) e graduada em Línguas e Literaturas de Língua Portuguesa e Inglesa. atualmente, realiza pós-doutorado no programa de pós-graduação em linguística da ufsc. Seus estudos situam-se no âmbito geral da Linguística Aplicada Contemporânea e têm como tema principal a arqueogenealogia foucaultiana, especialmente o discurso, a biopolítica e à produção de subjetividades. Especificamente, suas pesquisas recentes baseiam-se em discussões sobre os dispositivos da aids e têm como objetivo problematizar a vida a partir de uma incursão teórica que investiga suas formas de exceção tecno-biopolítica e as possibilidades de invenção de existências para as PVHIV